CPG
24/11/2025 13h50
O túnel submarino Rogfast, em construção na costa oeste da Noruega, caminha para se tornar o mais longo e profundo túnel rodoviário subaquático do mundo.
Com cerca de 26,7 km de extensão e quase 400 metros abaixo do nível do mar, a ligação sob o fiorde Boknafjorden promete acabar com a dependência de balsas em um dos trechos mais estratégicos da rodovia europeia E39.
A obra deve reduzir horas de deslocamento e dar mais fluidez ao escoamento de cargas que sustentam boa parte das exportações do país.
Impacto regional - O Rogfast conecta os municípios de Randaberg e Bokn, no condado de
...

O túnel submarino Rogfast, em construção na costa oeste da Noruega, caminha para se tornar o mais longo e profundo túnel rodoviário subaquático do mundo.
Com cerca de 26,7 km de extensão e quase 400 metros abaixo do nível do mar, a ligação sob o fiorde Boknafjorden promete acabar com a dependência de balsas em um dos trechos mais estratégicos da rodovia europeia E39.
A obra deve reduzir horas de deslocamento e dar mais fluidez ao escoamento de cargas que sustentam boa parte das exportações do país.
Impacto regional - O Rogfast conecta os municípios de Randaberg e Bokn, no condado de Rogaland, ao norte de Stavanger, sob o Boknafjorden.
A obra inclui ainda um ramal até a ilha de Kvitsøy, criando um corredor contínuo entre áreas hoje separadas por trechos de mar profundo.
Quando entrar em operação, o túnel integrará definitivamente esse segmento à E39, rota que liga cidades como Kristiansand, Stavanger, Bergen e Trondheim.
A E39 é um dos principais eixos viários da Noruega.
Ao longo de cerca de 1.100 km na costa oeste, o trajeto ainda depende de múltiplas balsas para cruzar grandes fiordes, o que torna a viagem demorada e vulnerável ao clima.
Hoje, o percurso completo entre Kristiansand e Trondheim leva em torno de 21 horas, incluindo travessias marítimas.
O plano do país é transformar essa rota em uma “autopista costeira” com ligações fixas, reduzindo o tempo total de viagem em várias horas.
Na prática, o trecho entre Stavanger, Haugesund e Bergen ainda depende fortemente de balsas, que podem ser suspensas por ventos fortes, neblina ou mar agitado.
Isso afeta moradores, turistas e, sobretudo, o transporte de cargas sensíveis a prazos, como os setores de petróleo, gás e frutos do mar, um dos pilares da economia local.
Com o túnel em operação, veículos poderão trafegar de forma contínua sob o fiorde, sem filas nem janelas de embarque.
A previsão é encurtar o tempo de viagem ao longo da costa e dar mais previsibilidade a deslocamentos de longa distância, reduzindo em até 11 horas o percurso Kristiansand–Trondheim.
Estudos de demanda apontam que o Rogfast deverá receber cerca de 6 mil veículos por dia, somando carros de passeio, caminhões e ônibus.
Essa nova capacidade deve aliviar gargalos logísticos, integrar melhor cidades ao redor de Stavanger e fortalecer os fluxos entre polos industriais e portos de exportação.
Engenharia do maior túnel submerso do planeta - O Rogfast terá aproximadamente 26,7 km e atingirá cerca de 392 metros de profundidade, superando o atual recordista Ryfylke.
A infraestrutura será composta por dois tubos paralelos, cada um com duas faixas, conectados por passagens de emergência em distâncias reduzidas.
Além do sistema de ventilação, o túnel contará com milhares de sensores, câmeras, telefones de emergência e painéis eletrônicos para monitoramento contínuo.
A construção começou em 2018, com detonações iniciais. Em 2019, o governo suspendeu o projeto após estimativas apontarem aumento de custos.
Com revisões técnicas e financeiras, o empreendimento foi retomado com novo modelo de contratação.
Nos últimos anos, a Noruega firmou contratos para escavações nos trechos norte, sul e intermediário, além do ramal de Kvitsøy. Empresas internacionais participam da obra, que avança por diversas frentes simultâneas. A previsão é abrir o túnel ao tráfego por volta de 2033.
Investimento bilionário e modelo de pedágio - O custo do Rogfast subiu desde as primeiras estimativas. Projeções atuais indicam orçamento entre 22 e 25 bilhões de coroas norueguesas, equivalente a pouco mais de € 2 bilhões.
O financiamento combina recursos diretos do governo e empréstimos pagos com pedágios.Estima-se que o Estado cubra cerca de 40% do valor, e o restante será custeado por tarifas dos usuários.
Projeções internacionais indicam pedágio próximo de £ 30 por travessia para carros.
A combinação de tráfego diário estimado e cobrança deve permitir a amortização dos empréstimos e financiar manutenção.
Exportações, logística e transformação regional - A costa oeste concentra setores essenciais como petróleo e gás, estaleiros e a forte cadeia de pescado e frutos do mar.
Estudos apontam que cerca de 60% das exportações norueguesas têm origem nessa região, que depende da E39 para acessar o sul da Europa.
Ao eliminar gargalos de balsas, o Rogfast tende a reduzir atrasos, diminuir custos logísticos e aumentar confiabilidade das entregas.
Para comunidades menores, a ligação sob o fiorde significa acesso mais rápido a serviços essenciais, com impacto direto na qualidade de vida e na atração de mão de obra.
Melhorias no acesso podem também estimular o turismo, já que visitantes terão mais facilidade para percorrer a costa sem depender de balsas.
O projeto também atrai atenção internacional: delegações de países interessados em túneis de grande profundidade, como Espanha e Marrocos, têm visitado o canteiro de obras para estudar soluções aplicáveis em projetos sob o estreito de Gibraltar.
Av. Francisco Matarazzo, 404 Cj. 701/703 Água Branca - CEP 05001-000 São Paulo/SP
Telefone (11) 3662-4159
© Sobratema. A reprodução do conteúdo total ou parcial é autorizada, desde que citada a fonte. Política de privacidade