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Especialista avalia se o país está pronto para o Free Flow

Referência no setor, o engenheiro Ailton Queiroga explica detalhes sobre o funcionamento de IA brasileira e aponta desafios no modelo de bilhetagem por pórticos

Assessoria de Imprensa

09/10/2025 15h05 | Atualizada em 09/10/2025 15h22


A alavancada nas concessões rodoviárias pelo Brasil vai representar um incremento de R$ 46,7 bilhões em investimentos na infraestrutura e avanços tecnológicos no modal.

O protagonista neste cardápio de inovação é o Free Flow, sistema de pagamento eletrônico que tirou de cena nos novos lotes as praças físicas, com as vantagens de ser mais eficiente, sustentável e, o que é ainda melhor para o motorista, acabar com as filas nas cancelas.

Em audiência pública realizada pelo governo federal no início de setembro, sobressaíram dúvidas sobre a eficácia dos pórticos nos registros das

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A alavancada nas concessões rodoviárias pelo Brasil vai representar um incremento de R$ 46,7 bilhões em investimentos na infraestrutura e avanços tecnológicos no modal.

O protagonista neste cardápio de inovação é o Free Flow, sistema de pagamento eletrônico que tirou de cena nos novos lotes as praças físicas, com as vantagens de ser mais eficiente, sustentável e, o que é ainda melhor para o motorista, acabar com as filas nas cancelas.

Em audiência pública realizada pelo governo federal no início de setembro, sobressaíram dúvidas sobre a eficácia dos pórticos nos registros das passagens, modelos de cobrança, segurança de dados e confiança na relação entre governo, consumidor e empresas que oferecem a tecnologia.

Referência no setor, Ailton Queiroga, ex-engenheiro na Embraer e atual presidente da Compsis, reforça os desafios da implantação do sistema Free Flow no país.

Quando o modelo sequer era um sonho no Brasil, em meados dos anos 2000, a Compsis já participava da concepção de um projeto desse tipo na Austrália, em parceria com a Siemens e a Philips.

Atualmente, a empresa é pioneira em soluções 100% nacionais de IA para o Free Flow, marcando presença em cinco regiões do Brasil.

Com um portfólio robusto de projetos, destaca-se a instalação de pedágios sem cancela em eixos rodoviários estratégicos para a economia, como o Rodoanel Mario Covas (SP). "Temos um modelo pioneiro de Free Flow completo e 100% nacional, criado para resolver problemas reais das rodovias brasileiras", diz ele nesta entrevista.

"Definitivamente, não precisamos importar para avançar no Free Flow", ele assegura. Acompanhe.



Benefícios do Free Flow incluem redução da poluição, menor custo de operação e ganhos de agilidade e segurança, enumera Queiroga


  • Alguns condutores ainda temem o Free Flow. Existe algum desafio nesse sentido?

Ailton Queiroga – Não há o que temer, trata-se de um modelo que já é realidade em mais de 20 países ao redor do mundo, como Austrália, Estados Unidos, Canadá, França, Japão, entre outros. E o Brasil está muito avançado no assunto. Dispomos de tecnologia nacional avançada e extremamente competitiva, se comparada às importadas, para utilização nos pórticos e no processo de integração dos sistemas.

  • Ele é realmente confiável, consegue captar os veículos com precisão?

AQ – O sistema Free Flow é capaz de identificar veículos de passeio, comerciais e caminhões em tempo real e em condições adversas, seja sob chuva, em alta velocidade ou à noite. A tecnologia nacional desenvolvida pela Compsis, por exemplo, acerta em cenários que normalmente confundem sistemas convencionais, como caminhões com eixos suspensos ou rodagem dupla, pois nosso sistema de Free Flow integra sensores de alta precisão, câmeras LPR dianteiras e traseiras, antenas RFID e algoritmos de inteligência artificial capazes de operar em tempo real. É uma IA que foi treinada com base em milhões de transações realizadas em rodovias brasileiras, onde cerca de 40% do tráfego é de veículos comerciais, índice muito maior do que em outros países. Isso nos dá um banco de dados robusto e adaptado à realidade local, o que garante maior acurácia. Então, não há o que temer, temos expertise para avançar muito mais.

  • Apesar dos benefícios, o Free Flow ainda está presente em poucos trechos no Brasil. O que tem travado uma expansão mais acelerada?

AQ – O amadurecimento tecnológico já aconteceu, mas ainda temos barreiras. A primeira é regulatória: ainda não há uma regra nacional clara sobre cobrança, integração com o RENAINF ou gestão da inadimplência. Isso tudo ainda está em discussão, mesmo após o modelo já ter passado a operar em alguns locais no Brasil. Depois, há a questão da infraestrutura: nem todas as concessões têm backoffice preparado para operar sistemas robustos como o Free Flow. Por fim, o modelo econômico também pesa, porque contratos antigos de concessão não foram desenhados para esse tipo de tecnologia e há resistência em alterá-los.

  • O que determina se um pedágio pode ser convertido em Free Flow? Por que algumas rodovias são mais propensas a receber o modelo?

AQ – Vias com alto fluxo urbano e intermunicipal, onde não há espaço físico para novas praças, são candidatas naturais. Também aquelas onde há pressão social contra pedágios convencionais, seja por engarrafamentos ou impactos ambientais. Já em rodovias de baixo tráfego ou com contratos de curto prazo, a tendência é manter o modelo tradicional.

  • O que falta para o Free Flow ser tão natural ao motorista brasileiro quanto parar no posto para abastecer?

AQ – Vejo três pontos principais: comunicação clara ao usuário sobre como funciona a cobrança, confiança de que não haverá erros e integração simples com meios de pagamento, como TAG, cartão e Pix. Temos investido nisso, inclusive com o SICAT Pay, uma plataforma que garante transparência total, mostrando ao usuário exatamente as datas, locais e valores das cobranças pelos trechos utilizados.

  • Para o futuro, o que podemos esperar da evolução do Free Flow?

AQ – Um dos avanços será a automação completa do backoffice, reduzindo a necessidade de intervenção humana. Além disso, estamos desenvolvendo soluções como o Eaglevision, uma IA que amplia a função dos sensores das câmeras para além da cobrança, permitindo usá-los em gestão de tráfego e segurança viária em tempo real.

  • O pedágio físico com cancela tem data para acabar no Brasil, ou os dois modelos vão conviver por muito tempo?

AQ – É improvável que desapareçam no curto prazo. A tendência é de convivência: nos novos contratos e grandes corredores. O Free Flow tende a dominar; mas em trechos de menor viabilidade econômica, o pedágio físico deve continuar. A Compsis atua em ambos os cenários hoje. Um exemplo é o nosso sistema de papa-filas, uma solução alternativa eficiente para praças físicas, eliminando as filas.

  • Na prática, quais são os maiores ganhos do Free Flow para quem usa as rodovias?

AQ – Destacaria três pontos: redução da poluição, pois o motorista não precisa parar, o que evita acelerações e frenagens desnecessárias, reduzindo a emissão de gases; menor custo de operação, porque a estrutura física e humana necessária é mais simples, o que pode reverter em tarifas mais justas ao usuário; e mais agilidade e segurança, porque sem filas e paradas, a viagem flui melhor e se torna mais segura tanto para carros de passeio quanto para caminhões.

  • Nos últimos meses, cresceu a discussão sobre o impacto do tarifaço em importações e a ideia de que o Brasil depende de alta tecnologia estrangeira para avançar no Free Flow. Qual é a sua opinião sobre isso?

AQ – Embora o setor de software não seja o mais afetado pelo tarifaço por ser um serviço, também sente muito os reflexos. Mas, vejo que o Brasil tem capacidade de sobra para avançar com sua própria tecnologia de ponta, e a trajetória da Compsis é a prova disso. Estamos há mais de três décadas nesse mercado, exportamos nossos serviços, inclusive. E hoje temos um modelo pioneiro de Free Flow completo e 100% nacional, criado para resolver problemas reais das rodovias brasileiras. Nossa inteligência artificial foi desenvolvida aqui, entendendo o perfil de tráfego local, e concorre em igualdade, aliás, até com vantagens, em relação às soluções importadas. É um sistema que se adequa aos mais diferentes tipos de câmeras e processos. Definitivamente, não precisamos importar para avançar no Free Flow. ♦

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