CPG/Folha de S.Paulo
01/10/2025 14h09 | Atualizada em 02/10/2025 05h46
Um oceano de painéis azuis cobre as dunas do deserto no norte da China. Eles se espalham como ondas sobre a areia, moldando-se ao relevo e mudando para sempre a paisagem da Mongólia Interior.
A 700 quilômetros de Pequim, esses campos fazem parte da estratégia para reduzir emissões.
O presidente Xi Jinping prometeu, em discurso por videoconferência na ONU, cortar entre 7% e 10% das emissões globais até 2035, em relação ao pico previsto para 2025.
Entre 2022 e 2030, a produção de energia solar em desertos deve triplicar a capacidade elétrica de um país como a França, segundo planos oficiais.
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...Um oceano de painéis azuis cobre as dunas do deserto no norte da China. Eles se espalham como ondas sobre a areia, moldando-se ao relevo e mudando para sempre a paisagem da Mongólia Interior.
A 700 quilômetros de Pequim, esses campos fazem parte da estratégia para reduzir emissões.
O presidente Xi Jinping prometeu, em discurso por videoconferência na ONU, cortar entre 7% e 10% das emissões globais até 2035, em relação ao pico previsto para 2025.
Entre 2022 e 2030, a produção de energia solar em desertos deve triplicar a capacidade elétrica de um país como a França, segundo planos oficiais.
No deserto de Kubuqi, em Ordos, mais de 100 km² já foram recobertos por placas fotovoltaicas, área semelhante à de Paris ou Lisboa.
Desafios da operação no deserto - Apesar da grandiosidade, problemas técnicos surgem. As tempestades de areia podem quebrar estruturas, enquanto as altas temperaturas reduzem a eficiência da geração elétrica.
Outro obstáculo está no acúmulo de poeira nos painéis, que exige limpeza constante.
Em regiões áridas, a necessidade de água para manter as superfícies operando torna-se um desafio.
Para reduzir esses impactos, os campos solares de Kubuqi receberam painéis equipados com ventiladores de autolimpeza e tecnologia bifacial, capazes de aproveitar a luz refletida na areia.
Um ponto crítico é a distância até as cidades consumidoras. A energia precisa percorrer longas linhas de transmissão até abastecer regiões como Pequim, Tianjin e Hebei.
Esse fator gera risco de “engarrafamento energético”. Segundo David Fishman, da consultoria Lantau Group, algumas províncias já começaram a limitar a aprovação de novos projetos justamente para evitar sobrecarga na rede.
O carvão ainda resiste - Apesar da virada para a energia limpa, o carvão segue ativo. Dados do Centro de Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA) e do Global Energy Monitor (GEM) mostram que, no primeiro semestre de 2025, a China inaugurou novas capacidades de produção de energia a carvão, em nível inédito desde 2016.
Um futuro em transição - A presença simultânea de minas de carvão e extensos campos solares resume o momento chinês.
De um lado, o país aposta em energias renováveis em escala sem precedentes. De outro, mantém viva a dependência de combustíveis fósseis para sustentar sua economia.
O contraste mostra que a transição energética está em pleno curso, mas repleta de contradições. Entre dunas cobertas de painéis, turistas encantados e chaminés fumegantes, o norte da China se tornou símbolo das escolhas e dilemas que moldarão o futuro global.
02 de outubro 2025
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