Assessoria de Imprensa
28/10/2025 09h54 | Atualizada em 28/10/2025 10h10
*Fernando Scheffer
A construção civil é um dos pilares da economia brasileira - e, paradoxalmente, enfrenta um dos maiores desafios de sua história recente: a escassez de mão de obra qualificada. Por trás de cada prédio, casa e ponte erguidos no país, há profissionais que lidam diariamente com esforço físico intenso, longas jornadas e condições de trabalho muitas vezes precárias.
Mas, nos últimos anos, essa base essencial da construção começou a se desintegrar. O que se observa é uma renovação profissional insuficiente, com mais trabalhadores deixando o setor do qu
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*Fernando Scheffer
A construção civil é um dos pilares da economia brasileira - e, paradoxalmente, enfrenta um dos maiores desafios de sua história recente: a escassez de mão de obra qualificada. Por trás de cada prédio, casa e ponte erguidos no país, há profissionais que lidam diariamente com esforço físico intenso, longas jornadas e condições de trabalho muitas vezes precárias.
Mas, nos últimos anos, essa base essencial da construção começou a se desintegrar. O que se observa é uma renovação profissional insuficiente, com mais trabalhadores deixando o setor do que ingressando nele.
Os números confirmam o alerta. Segundo levantamento da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), nove em cada dez construtoras enfrentam dificuldades para recrutar profissionais qualificados.
A Sondagem da Construção, do FGV/Ibre, aponta ainda que 71,2% das empresas relataram problemas para contratar trabalhadores especializados entre junho de 2023 e junho de 2024.
O impacto é direto: os custos sobem, os prazos se alongam e a produtividade despenca. Dados do SINAPI (IBGE) mostram que o custo da mão de obra acumulou alta de quase 70% em uma década, refletindo uma pressão crescente sobre o orçamento das obras. Enquanto a demanda por novos empreendimentos continua alta, especialmente em infraestrutura e habitação, a oferta de profissionais segue em queda.
Essa escassez é alimentada por um conjunto de fatores que se retroalimentam.
A construção tradicional, baseada na alvenaria, continua sendo vista como um trabalho pesado, desgastante e pouco atrativo. É comum ouvir nos canteiros que “o filho do pedreiro não quer ser pedreiro” e não sem razão.
As novas gerações, mais conectadas à tecnologia e preocupadas com qualidade de vida, buscam carreiras que ofereçam perspectivas de crescimento e ambientes menos hostis.
Ao mesmo tempo, o país carece de programas de capacitação capazes de formar profissionais para as novas demandas do setor, como os sistemas construtivos industrializados - incluindo o Steel Frame e outras modalidades de construção a seco. A lacuna entre o que o mercado precisa e a preparação dos profissionais representa uma oportunidade importante de evolução para o setor.
A consequência é um círculo vicioso: faltam profissionais qualificados, o que aumenta a sobrecarga sobre quem permanece, gera mais retrabalho, encarece projetos e compromete cronogramas. Um levantamento da Falconi com a CBIC revelou que 71% dos executivos do setor apontam a falta de mão de obra como o principal desafio do ano, à frente de questões como juros altos e custo de insumos. Em muitas regiões do país, construtoras relatam que há mais obras disponíveis do que equipes prontas para executá-las.
Esse é o ponto em que o setor precisa se reinventar, e tecnologias como o Steel Frame surgem não apenas como uma inovação construtiva, mas como um caminho concreto para atrair e formar uma nova geração de profissionais.
Nesta linha, há uma transformação em curso. O avanço de sistemas construtivos industrializados e o uso crescente de tecnologias como BIM, modelagem 3D e processos de gestão digital têm mudado a natureza do trabalho no canteiro de obras.
A profissão, antes marcada pela força física, começa a exigir mais técnica, precisão e capacidade de operar novas ferramentas. O pedreiro tradicional dá lugar ao montador e ao instalador técnico, e o canteiro se torna mais limpo, organizado e previsível. Essa transição abre caminho para atrair jovens que veem na construção civil não apenas uma ocupação, mas uma carreira conectada à inovação e à sustentabilidade.
Mas a mudança não acontecerá espontaneamente. Ela depende da articulação entre três frentes: empresas, governo e instituições de ensino. Cabe às empresas investir em treinamento contínuo e na adoção de métodos construtivos mais eficientes; ao governo, criar políticas de incentivo e programas de valorização da profissão; e às escolas técnicas, modernizar seus currículos e se aproximar das demandas reais dos canteiros.
Benefícios fiscais para quem investe em capacitação, programas de estágio técnico voltados a tecnologias construtivas e campanhas públicas que reforcem a relevância social e econômica da profissão poderiam ajudar a reverter o cenário.
Valorizar o trabalhador da construção civil, portanto, vai muito além do reconhecimento simbólico. O futuro do setor dependerá da capacidade de reconstruir sua base humana, oferecendo formação, dignidade e propósito a quem ergue as estruturas do país. É hora de mostrar que construir pode ser sinônimo de inovação, tecnologia e desenvolvimento pessoal. O Brasil não precisa apenas de mais obras, mas de pessoas dispostas e preparadas para construí-las.
*Fernando Scheffer é fundador da Espaço Smart
27 de outubro 2025
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